Gritei

E por isso gritei com ele quando a corrente quente comeu a carne e o músculo dos seus braços.

Eu conseguia senti-lo se afastando de mim de novo e gritei mais alto desta vez.

Eu gritei assustado e agarrei o pescoço com as duas mãos.

Eu gritei para o meu velho que era um terremoto.

Fiquei de pé e gritei para cima da escadaria.

Eu gritei até que outra mão apertasse minha boca.

Olhei para a luz purpúrea no alto e gritei.

E gritei feito um recém-nascido caindo do berço.

Acordei com uma sensação tão feroz em minha perna que pulei na cama e gritei.

A boneca de pano estava dormindo no quarto da frente e eu gritei para acordá-la.

Quase gritei quando um uivo me ecoou dentro da cabeça.

Eu te gritei para voltar e você não voltou.

Fiquei assustado e gritei pela minha mãe.

Fiquei perplexo por alguns segundos e depois gritei que ele não faria aquilo na minha casa.

Eu gritei quando eu senti minha pele cauterizar.

Eu gritei de dor e até hoje me lembro de como doeu.

Nem posto explicar com quanto sentimento gritei.

Eu gritei bem na hora em que os polegares alcançaram abaixo da cintura de suas calças jeans.

Eu meio que gritei quando ele começou a colocar a faca na lateral do seu pescoço.

Eu estava certa que eu nunca gritei uma palavra tão alto em toda a minha vida.