Cortavam

Os trens cortavam o silêncio que dobravam de tom.

E as lágrimas que a sufocavam cortavam-lhe as palavras.

E por que eles cortavam os longos capins e os jogavam no celeiro?

Enchiam do que cortavam as gamelas e as iam lavar no rio.

E nenhum bosque sobrevivera aos machados que cortavam os troncos para as piras dos mortos.

Apertava tanto os punhos que as algemas lhe cortavam os pulsos.

O preto do pelo contrastou com o céu quente enquanto seus cascos cortavam o ar.

As únicas sombras que se moviam eram formadas pelas nuvens que cortavam a lua.

E que dois trilhos cortavam a terra amarelada.

Puxavam seus lábios e cortavam a pele com força.

As ondas fervilharam novamente sob a proa enquanto cortavam as águas escuras.

Flechas de arcos e de bestas cortavam o ar com uma precisão apavorante.

As gaivotas se lançavam desde o céu e seus gritos cortavam o ar como carpideiras.

A sala era dividida em três partes por dois gradeamentos que a cortavam no comprimento.

O vestígio das trilhas que eventualmente cortavam a floresta se apagara fazia tempo.

Os andorinhões-pretos cortavam o ar quente com suas asas curvas.

Os fones que ele usava cortavam todos os sons exceto as instruções dos inquiridores.

Estradas largas cortavam a verdura da paisagem.

Garras que pareciam agulhas cortavam o material endurecido de seu uniforme.

A uns até cortavam os pescoços e lhes sorviam o sangue quente directamente da jugular.